Congresso “unido”
Para Paim, o Congresso Nacional vive hoje uma “unidade jamais vista”. De onde ela surgiu? “Primeiro, teve uma maioria oportunista, eventual, e não comprometida com o povo brasileiro que entendeu que poderia chegar ao poder golpeando a democracia. O golpe não foi só contra a Dilma, foi contra a democracia, contra os direitos dos trabalhadores, dos aposentados, das mulheres e das crianças, dos índios, dos sem teto e dos sem terra. Esse setor da elite brasileira é muito poderoso e ele vai cooptando, pra não dizer só comprando, essa maioria parlamentar”, diz Paim.
O senador disse que, entre as paredes do Senado, muitos parlamentares reconhecem que votaram a favor do impeachment porque “pegava bem na base” e não por acreditarem que a presidenta cometeu crime de responsabilidade. Questionado se as reformas trabalhistas “pegam bem” na base desses parlamentares, respondeu:
“Esse é o problema que eles terão. Para completar o serviço sujo, eles têm que atacar o direito dos trabalhadores. Eles sabem que pega mal. O governo queria mandar a reforma previdenciária e trabalhista antes das eleições. Aí foram para cima do governo e vão mandar depois das eleições. O que eles não sabem é que, se o povo na rua marcar de cima, fazer ampla mobilização e colocando, inclusive, nas bases eleitorais, o nome dos traidores do povo, vão ter problemas muito sérios para continuar no Congresso nacional ou em qualquer cargo público na vida”.
Paim saudou o movimento de paralisação nacional proposto pelas centrais sindicais para o dia 22 e afirmou que está a disposição para participar de atos. Segundo ele, apenas a mobilização pode barrar a agenda de retirada de direitos.
“É só a população perceber o que eles querem fazer contra o seu interesse. Se eu aumentar a carga horária, eu reduzo emprego, não tem essa de dizer que 12 horas é bom. Bom era turno de 6 horas para todo mundo e tu dobrava o número de empregos. Quando essa avalanche, essa caminhada for aumentando cada vez mais nas ruas, com certeza eles recuam ou serão expulsos da vida pública pelo voto popular”, disse.