Por que o senhor votou contra a PEC?
Votamos contra porque a proposta prejudica principalmente partidos que podem ser luz no futuro, como Rede e PC do B. Não acredito em nenhuma proposta que venha a atender, de fato, o povo trabalhador, os aposentados, com esse Congresso que está aqui, no qual 80% são de setores conservadores que não pensam efetivamente em uma reforma política, partidária e eleitoral de fundo. Apresentei uma PEC para que se convocasse uma assembleia exclusiva que elegeria 124 parlamentares pelo voto direto para fazer essa reforma, porque, quem está aqui dentro sabe que eles vão fazer qualquer reforma para favorecer os partidos que hoje estão mandando neste país, inclusive o PT.
O senhor defende uma reforma política em que moldes?
Falo em uma assembleia revisional exclusiva eleita pelo voto direto. Os 124 parlamentares eleitos teriam de ter alguns critérios para serem candidatos. Por exemplo, ser ficha-limpa, não manter mandato algum e não poder se candidatar durante os trabalhos. Ali, poderíamos discutir tudo, como mandato de cinco anos para todos os senadores e deputados e cinco anos sem direito à reeleição para o Executivo e uma reeleição no Legislativo no mesmo posto.
Há uma crítica ao multipartidarismo, uma vez que o sistema provoca a falta de identidade ideológica das siglas.
A atual PEC não atenuaria essa questão?
Quanto a isso, tudo bem, tanto que houve divergências no PT. Mas queríamos uma outra redação que contemplaria somente esses partidos que já existem, que seriam os grandes prejudicados, principalmente a Rede. Agora, se você partir para uma assembleia nacional exclusiva temática, você pode muito bem delimitar e montar, inclusive, um sistema de federação. Em um sistema de federação, não se permitiria que esses pequenos partidos usassem aquilo que usam hoje de negociatas, Fundo Partidário e tempo de TV.
Por que a reforma não avança?
Não avança porque os partidos “oficiais”, ou os velhos partidos, não têm interesse nisso . Eles querem manter tudo como está porque interessa a eles, para continuar nessa lambança que é o Congresso.
E a proposta de reforma em discussão tem chance de avançar?
Infelizmente, neste Congresso que está aí, não há chance nenhuma. A única forma de avançar é se houver uma grande pressão popular para uma reforma de fato exclusiva.
ZERO HORA - Entrevista