A
proposta de emenda à Constituição (PEC 20/2016) subscrita pelos senadores
Walter Pinheiro, João Capiberibe, Randolfe Rodrigues, Lídice da Mata, Cristovam
Buarque, por mim e por mais 24 senadores de várias greis partidárias prevê
eleição para Presidente e Vice da República em outubro junto com as eleições
municipais. Ela só terá êxito se houver um amplo entendimento nacional com o
aval da presidente Dilma Rousseff e do Vice Michel Temer.
Temos
uma crise política jamais vista. Há uma disputa de poder pelo poder. Está claro
que não existe um projeto verdadeiro de nação a ser discutido. Grupos que
dominam a cena se digladiam em um verdadeiro vale tudo, inclusive manipulando a
opinião pública. Assim, abre-se espaço para a intolerância e o ódio.
Os
debates sobre desenvolvimento e medidas que coloquem o Brasil novamente nos
trilhos, que deveriam ser neste momento uma lanterna a iluminar o Congresso
Nacional e o Palácio do Planalto, foram deixados de lado. Infelizmente, o país
está paralisado e à deriva. Se nada for feito, esta situação se prolongará até
2018.
Pesquisas
apontam que a população desaprova os dois cenários que estão postos. O primeiro
é a continuidade do governo Dilma. O segundo é a ascensão de Temer à
Presidência. Aliás, a carta de intenções “Uma ponte para o futuro” de
Temer está causando indignação, pois o documento sinaliza medidas contrárias
aos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, aposentados e pensionistas,
servidores públicos, empreendedores. Falo da terceirização, do negociado acima
do legislado, da reforma da Previdência, e do fim da desvinculação das receitas
da União para à saúde e à educação.
O
Vox Populi revelou que, na visão de 58% dos entrevistados, o impeachment não
solucionará os problemas do país. O IBOPE por sua vez divulgou que 62% dos
entrevistados querem eleições gerais, 25% aceitam Dilma e somente 8% optam por
Temer.
Faz-se
necessário uma consciência coletiva. A classe política não está conseguindo
responder aos anseios da rua. A PEC 20/2016 vem neste sentido: o de
evitar a sangria e a fragmentação do país. A chapa eleita teria um mandato de
dois anos, contados a partir de 1º de janeiro de 2017. A proposta não busca
suspender os debates sobre o impeachment e, sim, seguir paralelamente a ele.
Já
em 2017 seria realizado uma assembleia revisional como prevê a PEC 15/2016, de
nossa autoria, com o objetivo de reformar o sistema político, eleitoral e
partidário brasileiro. Os integrantes seriam eleitos pelo voto direto,
admitidas candidaturas avulsas, e todos eles não poderiam concorrer nas
eleições seguintes. Outros pré-requisitos: ser ficha limpa e não manter mandato
parlamentar. Findados os trabalhos, a assembleia seria dissolvida e um
referendo seria realizado para validar a proposta que estaria valendo para as
eleições de 2018.
Cada
um deve compreender seu papel dentro da democracia, ainda mais num tempo em que
os acontecimentos são tão imediatos e que a cobrança por respostas mais
concretas, pautadas em juízo de valor e não mais em dogmas, se faz urgente.
A
crise que esfumaça o país é na realidade um conjunto de espúrias ações que
levaram a perda de legitimidade dos eleitos. Quando existe um enorme e
“insuperável” problema o melhor remédio ainda é o voto popular. Portanto, é
possível sim a realização ainda este ano de eleição para Presidente e Vice da
República. Precisamos ter grandeza política e reconhecer as palavras de Ulisses
Guimarães: “É preciso estar com a rua, e não somente na rua”.
Senador
Paulo Paim (PT/RS)