Representantes de diversos movimentos
da sociedade civil participaram, nesta segunda-feira (12), de audiência pública
da Comissão de Direitos Humanos (CDH) para debater a passagem do último dia 10
de dezembro, em que é celebrado o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Os convidados mostraram preocupação
com o fato de o Brasil viabilizar reformas impopulares com impacto nas camadas
mais pobres e vulneráveis da população – como, por exemplo, a PEC 55
e a Reforma da Previdência.
O Dia
Internacional dos Direitos Humanos foi instituído em 1950, dois anos após a
Organização das Nações Unidas (ONU) adotar a Declaração Universal do Direitos
Humanos como marco legal regulador das relações entre governos e pessoas. Com
esse ato, mais do que celebrar, a ONU visava destacar o longo caminho a ser
percorrido na efetivação dos preceitos da declaração.
“É
inegável que avançamos nas garantias desses direitos inerentes a todas as
pessoas. Mas, infelizmente os direitos humanos ainda são atacados. Direitos que
são, em essência, aqueles que nos caracterizam como seres humanos”, disse o
senador Paulo Paim (PT-RS), presidente do colegiado.
Para
Lucimara Cavalcante, diretora fundadora da Associação Internacional Maylê Sara
Kalí (AMSK/Brasil), apenas o voto direto para presidente da República será
capaz de retirar o Brasil da situação atual que, segundo ela, deve piorar com a
aprovação da PEC da Morte, que prevê o congelamento dos gastos públicos pelos
próximos 20 anos.
“Enquanto
cidadã, eu quero votar. São 20 anos do futuro das nossas crianças e
adolescentes que está em jogo. A população brasileira precisa votar. Peço ao
menos que assistência social, educação e saúde sejam retirados desse plano
desastroso que está em pauta no nosso país”, disse.
José
Valdir Misnerovicz, coordenador do MST no estado de Goiás, afirmou ser
impossível ter uma discussão séria acerca dos direitos humanos sem o debate
sério sobre o acesso à terra. “A terra é fundamental. É impossível que um camponês,
povos tradicionais, indígenas possam pensar nas demais questões da vida sem o
acesso à terra. É necessário discutirmos a democratização da terra no País”,
destacou.
Clementina
Bagno, conselheira tutelar lembrou o “espancamento” da juventude no gramado do
Congresso Nacional, durante a votação em primeiro turno da PEC 55 como exemplo
de descumprimento dos direitos básicos dos manifestantes que ali estavam.
O senador
Paim enfatizou que representantes da extrema-direita usaram a manifestação para
atacar os movimentos sociais. “Quando nós falávamos no princípio da liberdade,
da mobilização legítima num sistema democrático, eles [representantes da
extrema direita] nos chamavam de bagunceiros”, disse o senador.
Ele pediu
ao Senado Federal para que tome as devidas providências para que as cenas não
se repitam no dia de amanhã, data da votação em segundo turno da PEC. “Temos de
nos preparar para grandes embates”, emendou.
Fonte: PT no Senado