De poucas coisas da infância o senador Paulo Paim lembra com tanta clareza como do dia em que, com oito ou nove anos, entregou todo faceiro a redação que escrevera sobre o Dia das Mães. A professora leu, perguntou quem tinha escrito. Ante a insistência do menino em dizer que o autor era ele, a professora deu zero e o colocou de castigo - para aprender a não mentir. Paim identifica nesse texto sua primeira incursão pelo mundo da poesia, atividade à qual se dedica nas horas de folga, nas noites de insônia ou mesmo quando surge uma idéia em meio à atividade parlamentar. O senador está concluindo seu segundo livro de poesias, com lançamento previsto para 21 de setembro, só para coincidir com a chegada da primavera.A publicação independe de aprovação de editor e a última coisa com que o senador se preocupa é com a crítica. O próprio Paim banca a edição. Depois, doa para os amigos ou vende para arrecadar fundos de campanha, como fez com o primeiro. Escreve à mão, porque no computador a inspiração não vem.qualquer assunto o senador transforma em versos: "Pão, terra, trabalho e liberdade/ para ser verdade não podem ser somente palavras soltas ao vento". Da emenda paralela que ainda não conseguiu aprovar aos acordos descumpridos pelo governo. Negros, mulheres, idosos, lutas sociais, filhos, amigos, mágoas da última campanha, em que se sentiu traído pelo PT. Mas sempre em tom positivo, "poesia de auto-ajuda" como o próprio define. Para dizer que vale a pena lutar, que é possível "chegar lá", como ele, negro e pobre, chegou ao Senado da República. Nem só de textos de sua própria pena será o livro do senador. O título já indica: Minha, suas, nossas poesias. Paim planeja incluir cartas de eleitores que exaltam seu trabalho, poemas de um de seus assessores, "esse sim um verdadeiro poeta", e até versos de um ex-colega deputado de Mato Grosso do Sul: "Eu estava lá/ eu vi/ um guerreiro negro/ defendendo nosso povo/ nossa gente".