ULBRA celebra diferenças religiosas O senador Paulo Paim foi a grande atração da noite de encerramento do I Seminário Nacional Cantando as Diferenças com Florestan Fernandes, nessa sexta-feira (10/08), na ULBRA Canoas. Destaque também para a presença da socióloga Heloísa Fernandes, filha de Florestan Fernandes, sociólogo morto há 12 anos e homenageado da iniciativa. O pró-reitor de Desenvolvimento Institucional e Comunitário da Universidade, Jairo Jorge, foi no responsável pela leitura da Carta de Intenções, cujo conteúdo foi resultado das conversas e debates ocorridos no decorrer dos trabalhos. Além deles, também estiveram presentes na mesa o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado Marquinho Lang, o presidente da Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas no RS (Faders), Cláudio Petrucci, o representante da Secretaria Especial de Direitos Humanos do Governo Federal, Alecsandro Reis, o representante do programa Cantando as Diferenças e do IPESA/ULBRA, Ottmar Teske, a representante das matrizes religiosas africanas, Mãe Carmem, e o presidente do Conselho Nacional de Umbanda do Brasil (Conub), Silvio Garcez. Coordenador político do projeto Cantando as Diferenças, Paulo Paim falou de seu carinho e entusiasmo pela iniciativa, fazendo uma referência ao seu antigo colega de Câmara dos Deputados, o sociólogo Florestam Fernandes. As sementes deixadas por ele ainda habitam as nossas mentes e corações. E, com certeza, o projeto Cantando as Diferenças é uma delas, destacou, saudando a assinatura do convênio entre o Conlub e o projeto Cantando as Diferenças, realizada na mesma noite. A professora Heloísa Fernandes falou sobre a vida e o trabalho desenvolvido por Florestam e sua constante luta em busca da liberdade plena de igualdade. Valeu-se de uma frase de seu pai para exemplificar aquilo que ele via como um mal de nossa sociedade e foi razão de sua luta enquanto esteve entre nós: Vivemos em dois mundos separados por um muro. De um lado: luxo, poder e riqueza. Do outro: miséria e opressão. Representante do programa Cantando as Diferenças, diretor do IPESA/ULBRA e um dos organizadores do evento, Ottmar Teske, acredita que o seminário atingiu seu objetivo. Gostaria de agradecer a possibilidade de termos essas pessoas aqui dentro da Universidade, traduzindo em propostas aquilo que ilumina nossas mentes e corações. Manhã e tarde Durante a manhã e tarde dessa sexta-feira, foram debatidas as diferenças religiosas no Brasil, com representantes de diversas matrizes religiosas - brasileiras, africanas, indígenas, hinduístas, judaicas, muçulmanas, budistas e ocidentais cristãs. Ainda no período da tarde, os professores do Programa de Pós-Graduação em Educação da ULBRA João Paulo Poli, Isabel Carvalho e Iara Bonin coordenaram o fórum A Cultura das Diferenças Através da Educação, Meio Ambiente e Fee ajudaram na elaboração da carta de intenções. Nela, os participantes do evento reivindicam o reconhecimento político das diferenças, reafirmando a atualidade e a riqueza das diferentes matrizes culturais e religiosas. Defendem uma distribuição orçamentária que assegure os direitos sociais. A efetiva implantação de políticas públicas que consolidem os direitos assegurados na constituição culturais, religiosos, sociais. Destacam a importância da garantia de acesso e permanência nos diferentes níveis de ensino e, também, uma maior qualidade na educação. Noite Primeiro dia A abertura do Seminário aconteceu na quinta-feira (09/08). Nesse primeiro dia, os trabalhos foram coordenados pelo sociólogo Humberto Lippo secretário executivo do IPESA (um dos organizadores do evento). Participaram também da mesa o diretor executivo da FULBRA, Johannes Gedrat, e o diretor da Área de Ciências Humanas, Sociais e Aplicada, Gustavo Assed. Gedrat ressaltou a importância da discussão da temática Matrizes Religiosas no Brasil e no Meio Ambiente. Assed, por sua vez, falou sobre Direitos Fundamentais e Liberdade de Escolha. Já o jornalista Wolfgang Teske falou sobre a Roda de São Gonçalo, uma manifestação cultural que se iniciou no século 13 e sofreu alterações específicas da comunidade quilombola Lagoa da Pedra de Arraias no Tocantins. A programação contou ainda com a participação do coordenador do curso de Engenharia Ambiental, Erwin Tochtrop, que abordou Meio Ambiente e Pluralidade Religiosa e do professor da Urcamp, Augusto Kirchhein, que falou a respeito do Pluralismo Religioso no Brasil como Dilema Político. Carta de Intenções Os participantes do I Seminário Nacional Cantando as Diferenças com Florestam Fernandes, realizado na Universidade Luterana do Brasil, na cidade de Canoas, nos dias 9 e 10 de agosto de 2007, através das Organizações, Associações e demais participantes individuais reivindicam o reconhecimento político das diferenças e reafirmam a potencialidade, a atualidade e a riqueza das diferentes culturas e matrizes religiosas. Tendo em vista: a) os direitos amplos de cidadania, consagrados na Carta Constitucional de 1988, principalmente no que se refere aos direitos de expressão, manifestação, associação, liberdade além de vários dispositivos que garantem o acesso aos bens ambientais e a qualidade de vida como um dos direitos universais, entre outros; b) a promulgação de um conjunto de Leis como o Estatuto do Idoso, o Estatuto da Criança e do Adolescente e com a tramitação de importantes Projetos de Lei como o Estatuto da Pessoa com Deficiência, Estatuto da Igualdade Racial, Estatuto da Mulher e o Estatuto dos Povos Indígenas, entre outros. Propomos: 1. a construção de políticas efetivas que garantam e implementem ações para uma cultura de paz e uma ética de cuidado para com todos os seres humanos e não humanos, com amplo controle social; 2. a garantia e o respeito as diferentes formas de relação com o sagrado; 3. a efetivação de políticas públicas concretas para que se consolidem os direitos de cidadania, principalmente no que se refere ao acesso e permanência aos diferentes níveis de ensino; 4. um gerenciamento, distribuição e utilização do poder proveniente das organizações sócias em busca da resolução de conflitos entre os indivíduos e as coletividades; 5. a efetivação e implementação de políticas publicas que assegurem acessibilidade universal e equiparação de oportunidades; 6. uma política orçamentária que garanta uma distribuição justa dos bens materiais necessários para o desenvolvimento integral das pessoas, respeitando as diversidades de qualquer origem, e garantindo o uso racional e sustentável dos recursos ambientais; 7. a implementação de políticas educacionais em todos os níveis de ensino, que assegurem o ingresso e a promoção das diferentes matrizes religiosas e culturais, em igualdade de condições; 8. estruturação e implementação de programas que assegurem o respeito as diferentes etnias e culturas, e as condições necessárias para a plena realização de suas formas próprias de viver e compreender o mundo, em especial a Demarcação e garantia dos direitos territoriais. Texto: Francisco Eboli RPMT 11303 Fotos: Revista Educando Sistematização: CIPP (Santos Fagundes e Leandro Hubner)