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28.Junho
'Esta Casa não vai se acovardar', diz Paim

Senador volta a criticar estratégia do governo para tentar aprovar projeto trabalhista sem emendas. "Somos legisladores, não carimbadores". Oposição ainda tenta acordo.

Senadores da oposição tentam construir acordo para evitar trator governista em legislação do trabalho.

São Paulo – Antes mesmo de o projeto de lei (PLC 38) de "reforma" trabalhista ser votado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE) avisou hoje (28) que irá colocar a matéria para votação no plenário, preferencialmente em regime de urgência. "Se vier com urgência, as emendas terão parecer de comissões no próprio plenário para que a gente na semana que vem possa votar a proposta", declarou. A CCJ vota o texto ainda nesta quarta-feira.

Quatro senadores já apresentaram votos em separado: Eduardo Braga (PMDB-AM), Paulo Paim (PT-RS), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Lasier Martins (PSD-RS). Paim reafirmou ainda ter expectativa de um entendimento, criticando o fato de o governo tentar impor a aprovação do PLC 38 sem emendas, para evitar o retorno do texto à Câmara. "Esta Casa não vai se acovardar", afirmou. "Somos legisladores, não carimbadores." Para ele, uma reforma tão complexa "está vinculada a um amplo debate público com a sociedade, especialmente com os setores envolvidos".

Lasier manifestou-se pela aprovação do texto, mas com cinco emendas, uma das quais referente ao trabalho intermitente, item que considera o mais grave: "Caso seja regulamentado, o trabalhador não poderá programar adequadamente nem os dias, os horários de trabalho, nem saberá quanto receberá no final do mês". Além da instabilidade na vida do trabalhador, o parlamentar aponta ainda efeitos negativos sobre o recolhimento de tributos previdenciários, "que sofrerá diminuição na sua arrecadação".

Após a intervenção de Lasier, o senador Paim sugeriu uma "fusão" entre os votos para atingir um texto de consenso, e encontrou receptividade. "Estamos abrindo um saudável caminho para um grande acordo", disse o parlamentar do PSD, para quem é possível respeitar o projeto e preservar "a proteção devida ao trabalhador".

O relator, Romero Jucá (PMDB-RR), disse no início da sessão da CCJ que irá rejeitar todas as emendas. Somadas as três comissões pelas quais o PLC 38 passou, são 686 emendas apresentadas, a maioria pela oposição. Outras poderão ser apresentadas no plenário. "Se vier com urgência, as emendas terão parecer de comissões no próprio plenário para que a gente na semana que vem possa votar a proposta", disse Eunício. "Não vou  atropelar, mas também não vou aceitar nenhum tipo de tumulto na direção dos trabalhos."

 A leitura dos votos em separado continua – depois de Lídice da Mata (PSB-BA), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), último da lista, iniciou sua intervenção por volta de 15h40. Segundo ele, o projeto representa uma das propostas "mais crueis" já apresentadas na Casa. 

Fonte: Rede Brasil Atual