Representantes
de caminhoneiros de vários estados reunidos em audiência pública na Comissão de
Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), nesta quarta-feira (9),
pediram a revogação imediata do decreto 9.101/2017, que aumentou impostos
incidentes sobre o preço dos combustíveis.
O
vice-presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS) redigiu uma carta em
conjunto com os representantes dos caminhoneiros para ser encaminhada ao
presidente da República, Michel Temer. No documento, a principal demanda é a
revogação imediata do aumento do preço do combustível. A categoria ainda pede
melhoria das estradas, mais segurança e aposentadoria especial.
O
líder dos cegonheiros do Paraná, Wanderlei Alves, informou que, desde o
aumento, já são 32 pontos de bloqueio dos caminhoneiros autônomos nas rodovias
brasileiras. Eles dizem que estão parados por falta de dinheiro para o
abastecimento e manutenção dos veículos.
—
A cada 1,5 km, um caminhão gasta um litro de óleo diesel e lá se vão R$ 4. Tem
o desgaste do caminhão e do pneu, tem a alimentação na estrada, que não é
barata. E aí o governo vem com aumento de combustível e atinge bem na raiz a
nossa categoria. A conta não fecha, não bate, não tem como trabalhar, não tem
como transportar — reclamou.
Rogério
Alberto Reame, líder dos caminhoneiros do estado de São Paulo, alertou para a
possibilidade de faltarem artigos de primeira necessidade no mercado, como
alimentos, remédios e o próprio combustível transportado nos caminhões.
—
O aumento dos combustíveis inviabilizou o trabalho dos caminhoneiros. Não
queremos ficar parados, mas é menos prejuízo agora do que rodar. Eu quero
dignidade, porque levanto cedo e trabalho o dia inteiro e tenho o direito de
pagar minhas contas. Nós estamos pedindo socorro aqui — disse.
Para
Odilon Pereira da Fonseca, líder dos caminhoneiros do Mato Grosso do Sul, os
impostos cobrados não são revertidos em benefícios para a população. Como exemplo,
ele relatou que precisou de um médico recentemente, depois de se acidentar com
o caminhão, mas não conseguiu atendimento pelo SUS.
—
Se o brasileiro não tivesse se acomodado, a situação seria outra. Eu não vou
pagar a conta de corrupção. O governo que corte na própria carne para cobrir o
rombo, mas não venham tirar dos caminhoneiros — afirmou.
Apoio
Mesmo
ameaçada de multas no valor de R$ 5 mil por hora parada, a categoria em greve
há nove dias promete seguir com os bloqueios e a participação cada vez maior de
caminhoneiros. Eles já angariaram o apoio de diversas outras entidades de
trabalhadores, como a da Federação Nacional dos Policias Federais, representada
pelo vice-presidente Flávio Werneck.
—
A população se sente inerte e impotente e é o que está dando força a situações
como o aumento do PIS e da Cofins. Na matemática, estão aumentando o preço do
arroz e do feijão, o custo de vida da população brasileira. Então, vamos louvar
o movimento dos caminhoneiros, que estão saindo da inércia. Espremem a
categoria deles, mas se reflete em todos nós, com a desculpa que o governo
precisa aumentar a arrecadação — avaliou.
A
União em Defesa da Cidadania e Combate à Corrupção (UDCCC) também está ao lado
dos caminhoneiros. A coordenadora nacional da entidade, Giselle Sousa, convocou
a população a apoiar a paralisação.
— Esse
é o imposto da morte. A gasolina para levar o filho na escola fica mais cara,
tudo o que você come fica mais caro. Não é mais só uma causa dos caminhoneiros,
é uma pauta de todo mundo agora — afirmou.
Na
audiência, o senador Alvaro Dias (Pode-PR) declarou apoio à mobilização dos
caminhoneiros e disse que o governo deveria tornar a categoria prioritária para
promover desenvolvimento do país no setor de transporte.
— Aumentar
impostos em uma hora como essa? No momento em que a crise se aprofundou, a recessão
e o desemprego são crescentes e atingem várias famílias brasileiras? –
questionou.