As legislações não podem beneficiar
somente um lado da sociedade, setor econômico ou social. Elas devem ser
abrangentes. Não podemos justificar os erros dos outros com os nossos erros.
Para o Brasil voltar a crescer e se
desenvolver continuamente é fundamental compreendermos que a relação capital e
trabalho deve ser justa e de alto nível. Não pode haver dois pesos e duas
medidas.
A Lei 13.467/2017, sancionada no mês de
julho pelo governo federal, ao sacramentar a reforma trabalhista, incorreu num
erro grave ao pender a balança para apenas um lado, desarmonizando, assim, as
relações do mundo do trabalho. É aí que está o problema. Além do mais, vários
estudos comprovam que ela não tem o viés modernizador e gerador de empregos.
Por nossa iniciativa, a Comissão de
Direitos Humanos do Senado Federal criou uma subcomissão temporária para
discutir o Estatuto do Trabalho, uma proposta surgida dos diálogos e debates da
Frente Ampla pelo Brasil.
A ideia é a construção de uma nova carta
social e trabalhista que coloque o Brasil em um novo patamar das relações
laborais com direitos e benefícios equilibrados. Ou seja, ele é uma ousada
possibilidade para harmonizar os interesses de classes, dos trabalhadores e dos
patrões. É um sonho, porém não utópico.
Buscamos dessa forma um diferencial que
julgamos ser o mais importante na construção e na transformação de um país em
uma nação, que é a congregação humanista, solidária e de responsabilidade sócio
ambiental.
O Estatuto do Trabalho é uma possibilidade
única de o Brasil voltar a se encontrar com o seu povo e as suas diversidades
econômicas e sociais, resgatando o espírito inovador que outrora foi cerne para
o desenvolvimento do país e para o crescimento do mercado interno, sem deixar
de capturar as oportunidades globais.
As novas tecnologias, os avanços da
ciência e da humanidade estão fazendo com que novas profissões e mercados de
trabalho e emprego surjam como que diariamente. Mas isso não significa que a
porta para o futuro, que já é presente, seja a negação de suportes que melhorem
as condições de vida da população. Buscamos a inclusão, e não a exclusão.
Esses trabalhadores e trabalhadoras que o
mercado exige, sejam eles da cidade ou do campo e do próprio mundo virtual, que
é a realidade da internet, também merecem ser felizes.
Todos eles são cidadãos com direito à
saúde, à educação, à segurança, ao trabalho, a férias, a um salário decente, ao
salário-mínimo, ao descanso diário, a uma aposentadoria digna e tantos outros
benefícios.
O Estatuto do Trabalho é o início de uma
resposta cívica, ampla e responsável, que será construída de baixo para cima,
com a participação de toda a sociedade, dos meios produtivos e com força da mão
de obra brasileira.
Paulo Paim é senador (PT-RS)