BRASÍLIA - Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter sancionado o reajuste de 7,7% para os aposentados que ganham acima do salário mínimo, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) aprovou, com apenas um voto contra, o projeto do senador Paulo Paim (PT-RS) que recupera o valor das aposentadorias. Mas o projeto ainda tem que ser analisado pelo Plenário da Câmara - o que o governo deve evitar. Na prática, a proposta cria um índice de correção das aposentadorias, para que elas recuperem o valor em equivalência ao salário mínimo.  Desde 1991, foram separadas as políticas de reajuste do salário mínimo e dos benefícios da Previdência. O projeto faz parte do chamado "Kit Paim" - um conjunto de três projetos que tratam de regras da Previdência - e tem rombo estimado de R$ 80 bilhões pelo governo.  Isolado, coube ao vice-líder do PT, o deputado José Genoíno (PT-SP), votar contra e dizer que o projeto é insustentável do ponto de vista das contas públicas. Genoíno foi vaiado pelos aposentados que estavam na CCJ. A estratégia para a aprovação da proposta foi coordenada pelo deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP).  - O governo Lula tem trabalhado pela melhoria da vida dos aposentados. Mas a recomposição das perdas de uma vez não é viável. São de R$ 80 bilhões a R$ 85 bilhões - disse Genoíno.  Já os defensores da proposta afirmaram que o governo também dizia que não haveria recursos para custear os 7,7% de aumento das aposentadorias, mas depois confirmou o reajuste aprovado pelo Congresso.  - A Previdência urbana é superavitária - disse Arnaldo Faria de Sá.  Depois da votação, o senador Paulo Paim apareceu na Câmara e foi aplaudido. Ele disse que o projeto prevê o pagamento da recuperação das perdas em cinco anos e não de uma vez. Paim disse que já está acostumado com os números do governo, que falam que seus projetos custarão R$ 80 bilhões ao país.  - Eles falam em R$ 80 bilhões, R$ 90 bilhões, R$ 100 bilhões. Mas nos aposentados acabou sendo R$ 1,6 bilhão apenas - disse Paim.  Fonte: Agência o Globo