Pesquisar no site
24.Junho
Olhar para o futuro, sem esquecer o passado

Após duzentos e doze anos da abolição da escravidão, o estado brasileiro abre os olhos para a dura realidade do preconceito, da discriminação e do processo de exclusão vivenciado pelos descendentes de escravos no país.  Este não é um momento de ficarmos chorando e procurando culpados, mas a história está aí, não pode ser apagada . A escravidão durou mais de trezentos anos, as mulheres negras foram estupradas, no pós-abolição os negros foram abandonados a própria sorte o que pode ser constatado em todos os indicadores sociais. Mas a pergunta que sempre fica é: o que eu tenho a ver com isso? A resposta é simples, o preço da desigualdade é dividido por toda a sociedade, o desperdício de talentos faz mal para todos . Em época de copa do mundo é bem fácil visualizar o que estamos dizendo. Por exemplo, a seleção brasileira, com a pluralidade étnica é considerada a melhor do mundo, não importa se o Brasil vai ganhar ou perder a copa, seremos sempre, segundo os especialistas e as  torcidas  de todas as nações,  os melhores, os mais habilidosos, os que fazem do futebol uma brincadeira de criança, das mesmas crianças que são puras  e sem preconceitos,  sempre com seu olhar de esperança  para o futuro. Na vida, ao contrário do futebol, a bola não é redonda para todos, ela continua quadrada . Para muitos ela nem existe,  pois não temos como garantir uma partida, com a presença de todos, em espaços estratégicos da sociedade brasileira.  Enquanto isso não ocorre, a mudança de consciência não é espontânea, temos que seguir como diz o editorial do jornal Zero Hora do Rio Grande do Sul, de 20 de junho de 2010, intitulado ““ESPIRITO DE CONCILIAÇÃO” A busca da igualdade e o combate a qualquer forma de preconceito e discriminação têm que ser objetivos permanentes dos nossos legisladores, pois esta é a vontade inequívoca da população”.  Por isso, nós somos autores do Estatuto do Idoso, do Estatuto da Pessoa com Deficiência, lutamos arduamente pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, queremos ver aprovada a PEC da Juventude e o Estatuto da Juventude, defendemos os direitos das mulheres, dos indígenas, de brancos, negros, ciganos, judeus, palestinos, enfim, dos excluídos e discriminados. A nossa conquista mais recente foi o Estatuto da Igualdade Racial, que é um marco contra a discriminação, que faz tirar dos indicadores sociais, dos livros escolares, das dificuldades do dia-a-dia e dos porões do Congresso Nacional o debate da inclusão. O Estatuto da Igualdade Racial será lei. Ele mais do que assegurar direitos, aponta caminhos, define legalmente conceitos, dialoga de forma transversal com a realidade de 50% da população nas áreas da saúde, educação, cultura, segurança , juventude, mulheres, acesso a justiça, enfim, com a nossa realidade, com a realidade da nossa gente. O Estatuto não é o fim, mas o começo de novos tempos onde a integração, a convivência e o amor farão do  Brasil uma grande seleção de profissionais e pessoas com o colorido do país. Senador Paulo Paim PT/RS