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08.Novembro
Paulo Paim diz que a Previdência brasileira é das mais perversas para o trabalhador

Dizendo estranhar que o tema não tenha sido abordado nos debates entre os candidatos à Presidência da República, o senador Paulo Paim (PT-RS) disse nesta segunda-feira (8) que, uma vez terminada a campanha eleitoral, "volta a celeuma do chamado déficit previdenciário". Paim comparou dados da Previdência brasileira com a da França, da Grã-Bretanha, do Chile e dos Estados Unidos. - A situação dos brasileiros é, de longe, muito mais perversa - afirmou. Paim disse que, no Brasil, o empregado recolhe 11% e o empregador 20% para a Previdência Social, enquanto que na França os servidores públicos deduzem 7,85% e os privados recolhem 10,55%, de acordo com dados divulgados pelo jornal Zero Hora. Ele assinalou que como não consta informação a respeito de recolhimentos dos empregadores, é possível deduzir que seja zero. Na Grã-Bretanha, o senador disse que o empregado recolhe 11%, mas o empregador recolhe apenas 12,8%, ou 7,2% menos que os empregadores privados brasileiros. Nos Estados Unidos, a contribuição é igual para empregados e empregadores, apenas 6,2%. No Chile, o sistema previdenciário é privatizado desde 1981, consistindo numa capitalização individual. Cada segurado contribui com 10% e o empregador recolhe de 1% a 2%. - Se analisarmos apenas a capacidade contributiva, não existem chances de a previdência brasileira ser deficitária. Na França, a contribuição máxima chega a 10,55% - considerando como zero a contribuição do empregador - enquanto no Brasil empregado e empregadores contribuem com 31% do total, quase o triplo do recolhimento francês - assinalou. O senador também somou e comparou o total das contribuições na Grã-Bretanha (23.8%), no Chile (12%) e nos Estados Unidos (12,4%), com o total de 31% no Brasil. Somados, chilenos e americanos recolhem para os seus respectivos sistemas previdenciários menos da metade que os brasileiros. Para ele, é compreensível que esses países tenham problemas com as contas previdenciárias, mas no Brasil não é possível entender. Paim também classificou como "distorção" a aposentadoria por idade no Brasil e como "inadequada" a forma como é colocada para a sociedade, no caso 65 anos para homens e 60 anos para as mulheres. Ele observou que se o trabalhador optar por uma aposentadoria por tempo de contribuição, com valo integral do salário, tem que alcançar uma idade mais avançada devido ao fator previdenciário. A formula do fator envolve expectativa de vida, tempo e alíquota de contribuição, além da idade na data da aposentadoria. - Como vemos, nossos trabalhadores são os que mais recolhem para o sistema e os que têm a aposentadoria mais perversa. Ainda assim existe uma corrente majoritária que induz a população a acreditar que é preciso uma reforma para prejudicar ainda mais os trabalhadores - afirmou. Para o senador, o Brasil tem um sistema previdenciário desigual, pois no serviço público a aposentadoria, em janeiro de 2011, poderá chegar a R$ 30 mil, sem incidência do fator previdenciário, enquanto que o teto do Regime Geral é de R$ 3.416, com incidência do fator. Se o segurado for mulher, poderá ainda perder quase 50% do benefício. Para o trabalhador do Regime Geral aposentar com salário integral, o senador calcula que será preciso trabalhar cinco anos a mais que os servidores dos três Poderes da União. - Ao contrário do que tenta a maioria, entendo que não precisamos de uma reforma previdenciária. Precisamos sim é acabar com o fator previdenciário - afirmou. Fonte: Agência Senado