Ato em repúdio a manifestações e ameaças neonazistas reuniu dezenas de entidades da sociedade civil na manhã desta sexta-feira (12) no Espaço da Convergência, térreo da Assembleia Legislativa. O encontro foi promovido pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos em solidariedade ao senador Paulo Paim (PT). O presidente da CCDH, deputado Dionilso Marcon (PT), repudiou com veemência qualquer tipo de manifestação neonazista no Rio Grande do Sul e em qualquer parte do mundo. "Entendemos que estas são posições ideológicas quanto às minorias. São posições que somente geram mais violência", ressaltou. Ele solidarizou-se com o senador Paim e parabenizou o trabalho desenvolvido pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, que busca desarticular células neonazistas no estado. Paim disse lamentar que um ato de repúdio tenha que acontecer, mas, em virtude da existência do preconceito, ele se torna necessário para reafirmar o repúdio total a qualquer manifestação do gênero. Ele salientou que a esmagadora maioria da sociedade gaúcha não concorda com este tipo de manifestação neonazista, que ataca diretamente negros, judeus, grupos homossexuais, idosos e deficientes. "Pretendo lançar aqui e no plenário do Senado, na próxima sexta-feira, a campanha Preconceito Zero. Isso sinaliza e diz para a sociedade que nós não aceitamos nenhum tipo de discriminação", afirmou Paim. No evento, o delegado Paulo César Jardim, que comanda o combate ao neonazismo no Estado, destacou que, por conta do trabalho desenvolvido há mais de dez anos, buscou informações e estudou muito para compreender a origem, estrutura, forma de ação e os objetivos de grupos que agem sob os princípios da ideologia neonazista ou nacional socialista, como eles se apresentam. Segundo o delegado, as células que vinham sendo combatidas foram extintas, mas os grupos tentam se remontar e, com isso, exigem um trabalho permanente de monitoramento e investigação por parte da Polícia Civil do RS. Jardim informou que nesses dez anos de trabalho ocorreram aproximadamente 40 indiciamentos, sendo que existem membros destes grupos que estão com prisão preventiva decretada e são foragidos, além de outros que estão sendo julgados. O delegado sublinhou que no Rio Grande do Sul os alvos são os negros, homossexuais e judeus, e que os grupos neonazistas são compostos por jovens na faixa etária de 16 a 30 anos, politicamente bem preparados. "Não estamos lidando com marginais, com bandidos; estamos lidando com uma ideologia, e lidar com uma ideologia e com aqueles que acreditam naquilo que fazem é diferente, não só na forma de lidar, mas também na forma de conduzir as investigações. O que eles não podem fazer, em razão de sua ideologia, é praticar crimes", alertou Jardim. ManifestaçõesO representante da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, Mario Cardoni, destacou que o Brasil possui uma Constituição exemplar. Ele elogiou as ações e posições do senador Paim e do deputado Marcon, além de enaltecer o trabalho desenvolvido pelo delegado Jardim. Para ele, o ato permite que a sociedade se fortaleça no combate a pessoas e grupos que só possuem o ódio como motor de suas atitudes. Beatriz Lang, representante do Movimento de Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, destacou a figura do senador Paim como defensor dos Direitos Humanos no país. Ela pediu que a sociedade gaúcha trabalhe para a implantação do Plano Nacional de Direitos Humanos e se reative o termo de compromisso firmado entre Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Polícia Federal, grupo Nuances e entidades do movimento negro para retirar do ar páginas da internet que discriminam vários segmentos sociais e minorias. Emir da Silva, representante do Movimento Unificado Negro do Rio Grande do Sul, citou casos de discriminação verificados em diversos estados brasileiros que caracterizam o grau de amplitude dos ataques sofridos por minorias em virtude da cor da pele, orientação sexual ou religiosa. Participaram do ato, entre outros, o Ministério Público Estadual, OAB/RS, Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Prefeitura Municipal de Canoas, centrais sindicais, representantes de organizações não-governamentais ligadas à defesa de direitos homossexuais e de gênero, comunidades e movimentos de defesa dos direitos dos negros, e de comunidades indígenas. Fonte: Luiz Osellame - MTB 9500 | Agência de Notícias 14:32 - 12/11/2010 Edição: Sheyla Scardoelli - MTB 6727 Foto: Marcos Eifler / Ag. AL