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23.Agosto
Roda de conversa debate acessibilidade por meio da audiodescrição

Evento reuniu deficientes visuais e representantes de áreas da Casa envolvidas na promoção da acessibilidade 

Karin Kässmayer, gestora do Núcleo de Coordenação de Ações Socioambientais: setor planeja as iniciativas de acessibilidade e de sustentabilidade 

Viviane Santos Almeida, cega: "A falta de acesso à audiodescrição no cinema, teatro e mídias sociais dificulta muito a minha interação com a sociedade" 

Luciano Ambrosio Campos, do Gabinete do Senador Paulo Paim: ótima interação de quem desenvolve com quem usa os recursos

Washington Brito, do Comitê Gestor de Internet do Senado: ouvir os usuários para melhorar o site do Senado

Pessoas com deficiência visual do Senado e de outras instituições participaram, nessa quinta-feira (22), de uma roda de conversa com representantes de áreas da Casa envolvidas na promoção da acessibilidade por meio da audiodescrição. No encontro, os presentes apontaram o que precisa ser aperfeiçoado e falaram sobre os obstáculos existentes para os cegos.

Gestora do Núcleo de Coordenação de Ações Socioambientais (NCas), Karin Kässmayer abordou as atribuições do setor, que incluem o planejamento de iniciativas voltadas tanto para a acessibilidade quanto para a sustentabilidade, o que representa um desafio para a equipe, segundo ela.

— A gente trabalha nessas duas áreas com um instrumento que são os Plano de Acessibilidade e o de Gestão de Logística Sustentável. Na acessibilidade, o plano está na terceira versão, que em breve será publicada — explicou.

Viviane Santos Almeida, estudante de Letras da Universidade de Brasília (UnB) e consultora de audiodescrição, participou do encontro por intermédio da Associação de Amigos dos Deficientes Visuais. Ela conta que os desafios se fizeram presentes em sua vida desde muito cedo: complicações decorrentes da prematuridade a fizeram nascer sem a visão. Mesmo diante do problema, Viviane relata que está sempre em busca de aprender coisas novas e de superar os desafios.

— A falta de acesso à audiodescrição no cinema, teatro e mídias sociais, além da acessibilidade urbana, dificulta muito a minha interação com a sociedade. Mas eu nunca desisti. Hoje, por exemplo, eu aprendi muito com todos. Com certeza, vai acrescentar muito para o meu futuro, que está só começando — afirmou.

Outro participante da roda foi o colaborador da Casa Luciano Ambrosio Campos, lotado no Gabinete do Senador Paulo Paim (PT-RS). Ele nasceu com retinose pigmentar e foi deixando de enxergar aos poucos. Com 24 anos de idade, perdeu totalmente a visão. Para ele, o encontro foi produtivo e funcionou como um exercício de empatia para os deficientes visuais e para quem desenvolve as ações da Casa.

— Foi uma ótima interação de quem desenvolve com quem usa. Além disso, é muito importante que o usuário, que somos nós, entenda que não é fácil desenvolver algo com acessibilidade. Existe uma série de barreiras, pois, para um projeto ser desenvolvido, ele precisa contemplar todos os públicos e não apenas os cegos — salientou.

Representando o Comitê Gestor de Internet do Senado, Washington Manoel Brito afirmou que o encontro ofereceu a possibilidade de entender como os recursos produzidos pelo grupo chegam ao usuário final.

— É o que a gente chama de experiência do usuário. Eu posso pensar a melhor solução possível. Mas, se ela não for boa para o usuário, não serve para nada. Então, a ideia foi ouvir e levar um pouco desse conhecimento para melhorar o site do Senado — salientou.

A roda contou ainda com as presenças das servidoras Silvia Gomide, também do Comitê Gestor de Internet da Casa, e Marília Serra, coordenadora de Visitação Institucional e de Relacionamento com a Comunidade (Covisita).

A audiodescrição

Trata-se de um recurso fundamental para que pessoas cegas ou com baixa visão possam compreender conteúdos audiovisuais, eventos, fotografias e redes sociais, entre outros. A audiodescrição traduz imagens em palavras, permitindo que pessoas cegas ou com baixa visão consigam compreender esses conteúdos. Nas redes sociais, usa-se com hashtags como #pracegover ou #pratodosverem, empregadas nas mídias sociais do Senado Federal.

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