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27.Maio
O florescer de uma aquarela - News Flashes

O Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial é um marco no calendário mundial. Nesta data, o mundo compartilha o sonho de ver todas as etnias juntas, de mãos dadas e felizes, como crianças que brincam em um parque.O sangue dos que tombaram no dia 21 de março de 1960, em Sharperville, cidade próxima a Johannesburg, na África do Sul, na luta contra o Apartheid não foi em vão. A história do massacre em Shaparville, que deixou 68 mortos e cerca de 180 ficaram feridos é encontrada facilmente nos livros. No entanto, o que não se encontrará é o sentimento de resistência, de dignidade e de fé, dos que viveram para acabar com a da segregação racial, como também não encontraremos estampado o rosto de milhares de anônimos que mundo afora dedicam suas vidas contra o racismo.No Brasil, a escravidão durou mais de 300 anos e a ausência de políticas para os descendentes de escravos continua até hoje. Por isso, o negro continua sendo a principal vítima do racismo, mas isso não significa que bolivianos, chineses, japoneses, poloneses, italianos, alemães, judeus, palestinos, árabes, mulçumanos, dentre outros não seja discriminados, que passem impune pela intolerância. Ela existe, e nós a repudiamos! Notem... As etnias e os povos provam que nossos sentidos nos unem, seja no toque, no aroma, no paladar, na musicalidade e na beleza única dos familiares, amigos e amores. O ser humano é diferente no agir, no pensar, no sentir e no sonhar. As suas características étnicas fazem parte de um colorido natural, rico e diverso como as plantas, flores e frutos. Mas a essência da nossa convivência é pautada na família, na amizade e na tolerância. Em muitos cantos do Brasil e principalmente no Rio Grande do Sul este sentimento de amor e respeito ao próximo existe. Mas pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo mostrou que grande parte dos brasileiros - 87% - admite que há discriminação racial no país, mas apenas 4% da população se considera racista. Isso demonstra algo está errado. Há racismo sem racistas, devemos nos questionar. O nosso país possui uma falsa unidade, uma falsa democracia racial, da mesma forma que há 120 anos proclamou uma “falsa abolição”. Nos precisamos fortalecer as nossas relações governamentais, profissionais e pessoais a fim de transformar o Brasil em uma verdadeira nação.É hora enfrentar os problemas, arregaçar as magas e trabalhar para isso acontecer, criar alternativas, mesmo que transitórias como as políticas de ações afirmativas para realmente deixar todos no mesmo degrau. Não adianta ver uns acelerando com motor potente e outros empurrando o carro. O nosso potencial é de todos embalarmos na mesma rotação, mas para isso, é preciso ajudar os que estão “mais quebrados”, e os indicadores sociais nacionais e internacionais apontam que são os negros.Feio isso, em alguns anos, todos seguiram os seus caminhos, não falaremos mais do Estatuto do Idoso, do Índio, da Mulher, da Igualdade Racial, das Pessoas com Deficiência, enfim, das políticas voltadas assegurar Direitos Humanos e Sociais.Há muito que fazer, mas basta começar e enfrentar as dificuldades, algumas sementes como os Estatutos citados, já foram lançadas, agora é deixar o vento espalhar as propostas de norte a sul. Aguardar cada um assumir o seu papel, deixar brotar o sentimento de igualdade, de cobrar e ajudar os municípios e estados da federação implementarem medidas de promoção da igualdade racial e de combate ao racismo.Quando o nosso despertar sentir que se não agirmos rápido, o opressor de hoje, poderá ser o oprimido de amanhã. Por isso, vamos cultivar a igualdade de oportunidades e de direitos para todos, assim as futuras gerações desfrutarão do florescer da aquarela do Brasil. Não esqueçamos nunca da Carta da Liberdade, do Congresso Nacional Africano (CNA), que em um trecho diz: apenas um Estado democrático, baseado na vontade de todas as pessoas, pode garantir a todos, os seus direitos naturais inalienáveis, sem distinção de cor, raça, sexo ou credo; E, portanto, nós, o povo da África do Sul, negros e brancos em igualdade, irmãos e conterrâneos, adotamos esta Carta da Liberdade;E comprometemo-nos a lutar juntos, poupando nem força nem coragem, até que as mudanças democráticas aqui definidos forem vencedoras.Senador Paulo Paim (PT/RS)