Pesquisar no site
22.Novembro
PAULO PAIM: ORGULHO DE SER AMIGO DOS COMERCIÁRIOS!

Cheguei pontualmente a uma e meia da tarde. Fazia muito tempo que não entrevistava o Paim, na verdade, agora senador Paim. Esperei um pouco e logo seu assessor me chamou, para ir encontrá-lo, no segundo andar de um sobrado na Av. João Pessoa, em Porto Alegre, umas das mais movimentadas. Ainda na sala de espera, um grande painel mostrava o senador sorrindo e, acima, a inscrição: 60 anos. Depois de subir uns 15 degraus, de uma escada em caracol, eu encontrei o senador, não, encontrei o Paim, o mesmo Paim, exatamente o mesmo, a mesma simplicidade, a mesma simpatia, o mesmo acolhimento e respeito, que tantas vezes eu tinha presenciado, no tratamento a mim, como jornalista, e a quem quer que se aproxima dele. Paim é assim mesmo, uma pessoa ‘de verdade’, que permanece no tempo, como sempre foi. Nesse sentido, o tempo também parece que não passou para ele, a mesma aparência. Ele não envelheceu, visualmente, embora certamente esteja mais maduro, como pessoa e como político. O encontro com ele foi emocionante, em muitos sentidos. Ele falou do seu respeito pelos trabalhadores e, em especial, pelos comerciários. Demonstrou determinação, quando falou do projeto de lei, que vai regulamentar a profissão, projeto que, garantiu, será aprovado em 2011.Sentamos, ele tinha uma expressão de cansaço – provavelmente pelo ritmo acelerado da campanha política, para reeleição ao cargo de senador -, mas se mostrava solícito, pronto para responder às perguntas. Pedi que ele me contasse um pouco da sua infância, para que os comerciários pudessem conhecer mais detalhes de como se formou um dos seus representantes mais ilustres. Ele, então, se mostrou satisfeito com a proposta e foi discorrendo sobre os seus primeiros anos em Caxias do Sul. Contou da sua infância humilde, lembrando que começou a trabalhar muito cedo, aos nove anos. Neste ponto, deu uma parada e fez questão de salientar: “Olhe só trabalhador, não é isso que eu defendo. Criança não deve trabalhar, mas naquela época era diferente. Não havia tantos direitos, que nós conquistamos com o tempo e com muita luta”.Paim trabalhou também em uma feira livre, em Porto Alegre, tempo que passou em companhia de um seu tio. Depois, aos 12 anos, começou a fazer o curso técnico no Senai, onde começou a aprender um ofício, que depois o levou ao trabalho como metalúrgico. Já demonstrando seu perfil de liderança política, ele foi presidente do Ginásio Noturno para Trabalhadores, hoje Escola Presidente Vargas.O trabalho de Paim ficou conhecido no país todo, quando ele se elegeu deputado constituinte, em 1986, e trabalhou, defendendo grandes conquistas para os trabalhadores, o que ajudou a garantir sua inclusão na Constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988. Na época, eu fiz as primeiras entrevistas com ele e com vários segmentos sociais, agradecidos por já poderem contar com um então deputado, que, com sua simplicidade, demonstrava que o povo brasileiro pode ser simples, mas é também sábio, quando se trata de defender seus direitos e buscar construir um país melhor.Paim falou também bastante sobre sua família, sobre a importância da família para a formação da pessoa, aspecto tão destacado nas lutas dos comerciários. Ele lembra que é na família que a pessoa aprende valores como solidariedade, honestidade, bom caráter e que isso só é possível com o compartilhamento dos momentos, com o convívio familiar e atenção dedicada de todos, principalmente dos pais, para os filhos. “Por isso mesmo, a questão da jornada de trabalho e folga aos domingos, é tão importante”, lembrou ele, fazendo referência a lutas históricas dos trabalhadores como um todo, mas que, no caso dos comerciários, têm sido especialmente levadas em conta. Criado em uma família com 10 irmãos, provavelmente foi ali mesmo, em meio às carências e à partilha familiar de alimento, de afeto, de atenção, que o futuro Senador da República conheceu a importância do coletivo, da força da união, da busca do bem comum.Em vários momentos da entrevista, Paim demonstrou um carinho especial pelos comerciários de Carazinho e região, mencionando a amizade com várias lideranças e o respeito pelos trabalhadores e pelo movimento. “Estive em Carazinho, em vários momentos, e pude testemunhar a qualidade e seriedade do movimento sindical dos comerciários”. Paim destacou o fato de que a categoria dos comerciários é histórica em todo o mundo. “Tudo o que a humanidade é está relacionada com a atividade de trocas e assim foi que surgiu o mundo que conhecemos. É por isso mesmo que eu sou tão empenhado no reconhecimento da categoria, para que sejam garantidos direitos e para que haja, antes de mais nada, justiça com essa categoria histórica”.Segundo Paim, ao mesmo tempo em que é histórica, a categoria tem a marca de ser a porta da entrada de muitos jovens, no mercado de trabalho. O senador ressalta a importância da participação dos jovens, no movimento sindical, e diz que as condições atuais são muito melhores do que antigamente. “Nós tivemos períodos muito duros, a época da ditadura. Tudo era proibido. Era proibido se posicionar. Na prática, nós que vivemos a ‘Era Lula’ vivemos a possibilidade de fazer valer os direitos conquistados na Constituição de 88 e de buscar um mundo novo”. Apesar de reconhecer que houve um período de desencanto, Paim se mostrou otimista, com relação aos jovens: “Estou enxergando novos horizontes”, disse ele.O mais importante, para Paim, é que cada cidadão, independente de idade, ‘faça a sua parte’. Ele lembra uma história bastante conhecida de um rapaz que foi encontrado devolvendo, para o ambiente marinho, estrelas do mar, que tinham sido jogadas, pela maré, na areia da praia. Um senhor que passava por ali perguntou se ele não percebia que nunca conseguiria resolver aquela situação, já havia milhares de estrelas morrendo, ao longo de toda a praia. O rapaz, então, respondeu que não se importava. “Pelo menos pra esta aqui eu sei que estou fazendo a diferença”, disse ele, evidenciando que o importante é a consciência de que se está fazendo a nossa parte. Para Paim, a força dos comerciários é muito grande. “Talvez nem todos os comerciários tenham consciência disso, mas esta é uma das categorias mais importantes do país e, por isto mesmo, precisa ter o devido valor reconhecido”, disse ele. O senador afirmou conhecer e admirar o trabalho que vem sendo feito pelo sindicato na região e ressaltou o quanto este trabalho é importante para garantir os direitos adquiridos e ajudar a avançar, em outros a serem conquistados. “Eu fiz o Projeto 115, com base no conhecimento e carinho que eu tenho pelos comerciários deste País. O reconhecimento da profissão não passa do ano que vem, mas precisamos estar juntos, nesta luta”. Apesar de ter sua origem na categoria dos metalúrgicos, Paim faz questão de salientar que tem procurado ser representante de todos os trabalhadores, de todas as categorias e, até mesmo, dos aposentados. Sobre o futuro dos trabalhadores, Paim ressalta que existem muitos projetos em andamento. No caso dos comerciários, o mais importante é o Projeto de n. 115, que prevê a regulamentação, mas há outras grandes questões a serem enfrentadas. Entre elas, o senador ressalta o fim do fator previdenciário, o fim do voto secreto no Legislativo Brasileiro. Nesse sentido, ele afirma que é um absurdo um deputado, um senador, eleito pelo povo, poder votar secretamente os projetos, se omitir. “A sociedade brasileira tem direito de saber em que cada parlamentar votou, para poder cobrar o posicionamento desses políticos, que não são comprometidos com a classe trabalhadora”, ressaltou ele.Paim lembra que os comerciários, além de serem uma categoria que envolve muitos ramos de atividade, têm uma parcela importante de profissionais que atuam micros e pequenas empresas. Para esses, o senador defende a criação de um Fundo de Investimentos, que possa oferecer financiamentos a baixo custo e incentivar o desenvolvimento de novos projetos e a permanência dos já existentes. “É algo fora do orçamento. Então, faremos um grande fundo para as micro e pequenas empresas!” Malu: O Sindicato dos Comerciários está fazendo 30 anos. Ao longo de sua trajetória, o senhor tem atuado em parceria com os sindicatos, especialmente com o de Carazinho. Neste momento de comemorações, o que o senhor gostaria de dizer para os trabalhadores deste setor?Paim: Eu gostaria de deixar uma mensagem de otimismo, com relação ao futuro. O mundo do comércio vai melhorar e as condições de vida dos trabalhadores do setor também. Eu queria dizer pra eles que eles podem crer porque eu vou aprovar o projeto 115, e vai melhorar o projeto de vida, com a regularização da profissão. Também gostaria de dizer para o Ivomar, o presidente do Sindicato, que eu tenho muito orgulho de dar essa entrevista, porque, além de falar um pouco de mim eu falo um pouco dele, falo de toda a diretoria, falo também de você, Maria Luiza. Já estivemos juntos, ao longo desses 30 anos, nessa longa caminhada da vida, construindo uma luta por um mundo melhor. Fazendo e acontecendo, sempre com ética e cuidado. A gente vai construindo com muito carinho, com muito jeito, onde a gente possa apontar para o horizonte em que a qualidade de vida das pessoas possa ser melhor.  Não jogamos nunca a toalha, temos muita esperança, buscando a construção de um mundo melhor para todos. Eu tenho orgulho de dizer que sou amigo dos comerciários!