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04.Março
No Congresso Nacional, senador Paim prepara novas propostas de combate ao racismo

Após dois anos na presidência da Comissão de Direitos Humanos, onde pautou as demandas do movimento negro, senador gaúcho quer ampliar a articulação das bandeiras da população negra

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Senado Federal

O senador Paulo Paim (PT-RS) quer implementar uma subcomissão da Promoção da Igualdade Racial na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado. A iniciativa pretende garantir um espaço democrático para o avanço das demandas da população negra brasileira.

Paim foi o presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado nos últimos dois anos. No período, incluiu agendas importantes que vieram das reivindicações das entidades organizadas do movimento negro.  Agora, a criação da subcomissão depende da assinatura de apoio dos demais membros da Comissão de Direitos Humanos.

O parlamentar lidera também a criação de uma Frente Parlamentar Mista Antirracista, com senadores e deputados federais. O requerimento precisa da assinatura de 80 dos 513 deputados federais e de 20 dos 81 senadores. Na casa, cada estado tem três senadores representantes.

“É impossível que uma sociedade que se apoiou por quatro séculos sobre a escravidão não produza e reproduza racismo. Uma sociedade que, quando 'libertou' seus escravos, o que fez foi apontar, a quem já não tinha nada, a porta da rua, criando uma legião de brasileiros sem outro lugar e perspectiva na vida da sociedade que não a de procurar voltar a servir a algum senhor”, escreveu Paim no texto de apresentação da Frente Mista.

Para o senador, o combate ao racismo é um ponto-chave na preservação e na evolução da democracia. “Vamos debater e encontrar soluções inteligentes e que nos livrem desse fantasma que está dentro da casa brasileira. Ninguém é culpado pelo que o passado legou! Mas seremos todos responsáveis por não havermos feito algo a tempo. Encarar o Racismo é essencial, para que possamos ter uma sociedade plenamente democrática.”, disse Paim, que vai completar 71 anos de idade no próximo dia 15 de março.

Em 1988, o gaúcho foi deputado federal e participou da elaboração e aprovação da Constituição brasileira. Além disso, foi o relator do  Estatuto da Igualdade Racial, que completou 10 anos em 2020.

Durante sua carreira política também propôs a criação de uma taxa para as grandes fortunas com o objetivo de financiar um fundo de ações antirracistas, a obrigatoriedade dos registros sobre raça nos atendimentos na área de saúde pública, ampliação dos programas de cotas, a tipificação da injúria racial como crime de racismo, o fim dos autos de resistência e a ampliação do auxílio emergencial, entre outras pautas.
Um dos poucos senadores negros da casa, Paim foi considerado um dos negros mais influentes no mundo em 2020, segundo o Most Influential People of African Descent (Mipad), iniciativa que tem o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU). No ano anterior, também foi eleito o melhor senador na eleição do Congresso em Foco. 

Fonte: Portal Alma Preta